
O sexto andar (?) do edifício em frente à Fundação, na Av. de Berna, era um local de encontro de intelectuais. O serviço foi criado por Branquinho da Fonseca em 1958, tendo tido como directores António Quadros, David Mourão Ferreira, Vergílio Ferreira e contava com a colaboração de numerosos intelectuais que comentavam os livros ou participavam nas diversas iniciativas das Bibliotecas. Na minha juventude, passava muito do meu tempo com Orlando Vitorino, algum dele naquele serviço. Por vezes, combinávamos um encontro e, por alguma razão, Orlando não aparecia. Lá ficava no seu gabinete enroscado no sofá com o Sol a bater e adormecia. Por vezes, esqueciam-se de mim no interior do edifício.

Nervoso e apreensivo telefonei ao meu Tio Leandro, familiar que, desde novo, me fez interessar pelas lides espirituais e na biblioteca de quem desassosseguei a alma para sempre. À novidade que também apanhou de surpresa o Leandro colocava-se um problema: com António Quadros, a revista não poderia ser publicado de forma rudimentar. O stencil tinha ficado fora de questão. Restava a impressão em gráfica. E foi assim que a “Ensaio” ganhou forma, com as minhas poupanças destinadas religiosamente para obter a carta de condução e apoio de alguns amigos. Tratou-se de um passo decisivo para o posicionamento que a revista veio a ter nos círculos intelectuais e para o meu envolvimento, cada vez mais profundo, com a Escola de Filosofia Portuguesa. O convívio e até a cumplicidade com António Quadros durou até ao seu falecimento em tertúlias e iniciativas culturais.
Clique aqui para saber mais
Sem comentários:
Enviar um comentário