"Razão animada" opõe-se a "animal racional", expressão que atribui substancialidade ao género animal, ao qual todos os outros se subordinam, vertendo na definição o que não é mais próprio nem essencial ao homem. Em harmonia com a classificação de Aristóteles, o termo animal e um género heterogéneo, pois as suas "diferenças serão especificamente distintas" em relação a outros géneros, enquanto "homem" predicado de "animal" terá as diferenças deste género e a ele se subordina.
Ora, verifica-se que o
ser humano distingue-se pela sua racionalidade, ou seja, a alma humana diferencia-se
pela razão. Logo, remata-se o nosso raciocínio pela superioridade conceptual da
noção de homem segundo uma "razão animada", ou espírito animado.
Diremos então: a espécie humana não existe.
Esta expressão assume,
igualmente, importância para o estudo das ideias porque desenvolve o pensamento
de Aristóteles, nos nossos dias degradado conforme as tendências do pensamento
que perseguem finalidades perturbantes do entendimento virtual da
"anima".
O conceito de Álvaro
Ribeiro afasta-se das correntes naturalistas e positivistas que deturpam o que
a expressão "animal racional" implica no pensamento aristotélico e,
identificando a parte com o todo, acentuam o seu carácter biológico, que, sem
deixar de estar patente na expressão realista do filosofo grego, não tem a
conotação nem o objectivo inferior que lhe e aditado pelos naturalistas.
Avisa Álvaro Ribeiro:
"O pensamento aristotélico está muito mais perto do que mais tarde se
chamou evolucionismo, doutrina que se propõe demonstrar com argumentos da observação
uma tese implícita nas superiores tradições religiosas. A ascensão do homem
pela escala zoológica, se for provada por argumentos paleológicos, comprovara o
cativeiro e a remissão, a queda resultante do pecado original, o que e muito
diferente daquele evolucionismo que outrora foi divulgado para negar o
criacionismo do Genesis".
"Razão animada"
é já uma actualização da tradicional distinção aristotélica entre géneros
heterogéneos e subordinados. Se, num aspecto, o conceito alvarino não implica
"diferenças especificamente distintas", pois todos os seres possuem
alma e, por conseguinte, deles se afirma que são almados; se observarmos que a
razão e própria só do homem e de mais nenhum outro ser, constituindo essa a sua
diferença específica; logo, julgamos justificada a não aplicação da referida
classificação.
A diferença lógica e
gramatical que se verifica no pensamento assinala de um modo mais verdadeiro a
efectiva descontinuidade observável na realidade entre a animalidade e a
humanidade.
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