terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nótulas em defesa da Escola de Filosofia Portuguesa

Escola, em tradicional significado, é o lugar de ócio, da conversa inútil para os ditames do negócio. Advém a palavra de skholé que se refere à folga e ao descanso. A escola propicia a livre expressão do espírito, sem embargo das finalidades utilitárias, sociais ou económicas. O inútil discurso e a vadia conversa resultaram no entendimento segundo o qual escola é o lugar onde se estuda. Diríamos, o lugar onde se pensa, atendendo a que a liberdade reside no pensamento e que, afastado do negócio, o pensar deriva da verdade e tende para a verdade.

Este significado é o que mais convém à filosofia portuguesa. A tertúlia é a escola e o lugar do filosofar, longe do ócio e da cultura. Para Álvaro Ribeiro, o teorizador da filosofia portuguesa, o convívio assegura a transmissão esotérica da tradição. Segundo o filósofo, tradição é a palavra, cujos significados são desenvolvidos e transmitidos de pessoa a pessoa ou, se quisermos, de espírito a espírito. Lembramos também, José Marinho: “Não há filosofia sem ideias viventes e as ideias viventes estão nos homens viventes ou nos que, tendo passado da face do mundo, vivem ainda”.

O ambiente tertuliar é esotérico de vários modos, dos quais um dos mais decisivos é o que se associa à transmissão da palavra ou da tradição que organiza o pensar. O convívio e, não raras vezes, o simpósio, são formas escolares da arte de pensar, a filosofia.

Sem comentários:

Enviar um comentário